Nova Era

Saiba um pouco sobre o que é a Nova Era, ou movimento da Nova Ordem Mundial, que que tem preparado o cenário político global para o Anticristo.

Vivemos um tempo de grandes e constantes mudanças. A sociedade contemporânea, em seu viver frenético, mutável e transnacional, tornou institucional a era do descartável, do imediato, do prazer e da estética. Paradigmas seculares, calcados na unidade nacional e cultural e, sobretudo, religiosa, caíram por terra, espalhando seus fragmentos pelas fronteiras do mundo globalizado. Neste contexto, a ausência de referências concretas e o relativismo dominaram o campo do sagrado, imprimindo-lhe a marca da pós-modernidade: um desespero espiritual, causado pelo vazio existencial. Esta crise, que abalou os fundamentos da crença e da ciência, teve origem na segunda metade do século XIX com a proclamação da “morte de Deus” e culmina na própria desconstrução espiritual do século XX, verificada no período comumente chamado de “pós-guerra”. O anúncio da “morte de Deus” por Zaratustra (Nietzsche), no século XIX, abriu uma chaga crônica no universo da consciência humana, que vai da exaustão do pensamento metafísico ao abrandamento dos valores éticos e morais do Ocidente. A morte de Deus, neste sentido, configura-se como a própria morte do eu, pois, “uma vez perdido o contato com o transcendente, a existência no mundo já não é mais possível” (ELIADE, 1996a). A conseqüência imediata desta constatação se dá na ausência de sentidos para o viver, crise da consciência que se estende até nossos dias. A falta de referências sólidas, que expliquem de forma convincente os porquês da vida e forneçam modelos mínimos de um viver que faça sentido, faz com que o homem se oriente, sobretudo, por aquilo que lhe impressiona e que lhe parece razoável em determinado momento: é a sociedade do fantástico, das aparências, ditadura da imagem alimentada pelo consumismo de massa global.


Os avanços da física e da tecnologia possibilitaram, no século XX, uma nova revolução industrial, que modificou radicalmente as bases da sociedade. O mundo ficou menor com o advento do automóvel, das aeronaves e, sobretudo, com a explosão dos meios de comunicação de massa. A ciência e suas comprovações, sob a insígnia máxima do “cientificamente comprovado”, foram elevadas ao posto de grandes detentoras da verdade, as reais depositárias dos conhecimentos e certezas humanos. Sigmund Freud, considerando que o ser humano atual busca, na religião, amparo, proteção e conforto para o seu mal estar, acreditava que o progresso da ciência faria com que a religião perdesse sua influência sobre o homem. O pai da psicanálise considerava a religião como “neurose obsessiva universal da humanidade”. Contudo, todo este avanço tecnológico não foi suficiente para preencher o vazio existencial do homem e curar as feridas abertas com a secularização do mundo: o homem permanecia um ser a vagar sem referências de onde estava e, principalmente, de onde iria chegar. O mundo deixou aos poucos de ser um lugar encantado e sacralizado, para se tornar um local profano, comum. Muito embora tenha condições de explicar e dominar o espaço natural de forma extraordinária, o ser humano continua a caminhar infeliz pela vida. Visto sob este referencial, o domínio científico, por si só, não conseguiu preencher o perpétuo vazio existencial humano.


Neste novo deserto da consciência humana, a evolução industrial e as ações mercadológicas encontraram solo fértil para se desenvolverem. Frente a elas havia um potencial e vasto mercado consumidor, seres humanos ávidos por algum conteúdo que lhes fornecesse sentido para o viver. Tem início, pois, a corrida desenfreada pelo consumo, a filosofia do “ter para ser”, a idolatria do mercado. Paralelamente, o avanço dos meios de comunicação permitiu ao mundo ocidental acessar o universo oriental, marcadamente místico e pitoresco. Tradições e filosofias do budismo, hinduismo, xamanismo, druidismo, yôga, hermetismo e tantas outras saltaram aos olhos dos novos consumidores, que enxergaram, nestes conhecimentos, uma possibilidade de ressignificarem sua existência.


A humanidade dá início, pois, a uma tentativa de ressacralizar a vida, construindo uma nova verdade a partir do subjetivismo religioso. Neste contexto surge o movimento intitulado Nova Era, um reencantamento do mundo que se dá, em grande parte, através do mercado de consumo, conforme sustentado por Leila Amaral (2000a), ao afirmar que:
os indivíduos, com suas convicções e crenças, recorrem a um mercado de bens simbólicos, os centros holísticos, para satisfazer suas necessidades pessoais. Uma atitude pragmática de aproveitar o aproveitável para atingir fins particulares, sejam eles materiais – saúde, prosperidade – ou espirituais – de enriquecimento e fortalecimento interior, através da afirmação positiva do verdadeiro eu.



A nova consciência que emerge nas sociedades humanas apresenta-se, portanto, plural, resgatando tradições e práticas das mais diversas. É a marca do holismo, que representa o desejo humano para a integração de todas as coisas, valor coerente com o contexto globalizado. Tem-se aí, mais uma vez, a contribuição de Leila Amaral (2000a), quando diz que:
pelo juntar de forças vindas de outras culturas e da natureza, busca-se intensificar a força do próprio desejo: o recompor de uma unidade que fora rompida e, por esse gesto, desencadear sentidos não previstos e descobrir vínculos que se tornaram invisíveis com a modernidade.

Esta concepção holística, que integra todos os seres e perpassa todas as manifestações culturais, é também sustentada pelo físico Fritjof Capra (2003a):

Quanto mais estudamos os principais problemas de nossa época, mais somos levados a perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes.

Nestas novas águas da construção histórico-social-espiritual humana, surgem diversas correntes Nova Era, que também se afirmam como holísticas ou universais, considerando que o conhecimento do sagrado está além de uma religião em específico, mas que reúne a gnose de toda a humanidade. Estes conhecimentos não precisam necessariamente de ser comprovados empiricamente e têm como meta obter controle sobre o meio ambiente, de modo que objetivos específicos possam ser atingidos. O termo religião, inclusive, é geralmente substituído por magia neste contexto: “o termo magia denota um complexo de crenças e ações sobre as bases e meios, através dos quais pessoas e grupos podem tentar controlar seu meio ambiente para alcançar os seus fins” (AMARAL, 2000a).


O retorno à religiosidade, neste sentido, ocorre através da difusão destas práticas e conceitos esotéricos, ocultos e mágicos. Sociedades iniciáticas, ordens, confrarias e correntes espiritualistas passam a difundir um novo conhecimento religioso, que bebe de diversas fontes. Um retorno plural ao sagrado, à dimensão transcendental, num movimento individual que tem por objetivo mover o coletivo rumo a níveis mais elevados de consciência, ativando nos homens a idéia de que tudo e todos estão intimamente conectados, preceito fundamental da Nova Era. “A prática de combinar técnicas variadas, retiradas de seu contexto original e divorciadas de suas estruturas teóricas, vai se tornando, assim, bem estabelecida no movimento” (AMARAL, 2000a).


Os errantes do subjetivismo New Age não demonstram a pretensão de encontrar uma unidade religiosa completa, posto que é o próprio caminhar por diversas tradições que lhes permite vivenciar situações que preencham sua porosidade religiosa dinâmica. Esta pluralidade de experiências, fruto do processo de secularização, é construída na ausência de sentidos, imediatismo, hedonismo, narcisismo, individualismo e consumismo, características próprias da mentalidade pós-moderna, profundamente introjetadas nos corações contemporâneos.

Fabiano Fernandes Serrano Birchal
Se você é cristão, fique atento, pois muitos são os que serão enganados pelos falsos profetas (religiosos, cientistas ou políticos) e se distanciarão do cristianismo verdadeiro. E o destino desses... você já sabe qual é!

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